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Com o projeto intitulado Mapear Histórias, ou como disse Guimarães, o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia, intervenções teatrais de caráter documentário foram realizadas em quatro diferentes estabelecimentos comerciais localizados no bairro do Bixiga, nos arredores da Casa do Teatro Documentário: Salão de Beleza Extravagance, Bar Casa do Norte Guaxinim, Brechó da Delourdes e do Luís, Transportadora Penna – para uma plateia de convidados (vizinhança) e público em geral, no intuito de recuperar as histórias que as pessoas que convivem nesses lugares têm sobre o bairro, a rua e o próprio estabelecimento. Com a vivência e o material teatral e audiovisual coletados, elaboramos uma série de cenas exibidas numa mostra intitulada Vértice: cartografias cênicas sobre e para Maria José, que se transformou posteriormente em Este vasto terço de nosso belo reino – documentário cênico sobre um terço da rua Maria José. Vale ressaltar que essa proposta apresentou uma radicalidade: os documentados abriram as portas de seus estabelecimentos para, junto com os atores, receberem os espectadores.

SINOPSE

Por meio de uma trajetória realizada na Rua Maria José, na qual atores mostram durante as cenas descrições de detalhes arquitetônicos e dos transeuntes, foi construída uma narrativa não linear sobre aquela rua, caracterizada por uma série de contradições.

Para garantir a segurança de determinada rua, bairro ou distrito, mais importante do que a polícia é o trânsito ininterrupto de usuários e a existência dos olhos da rua (pequenos comerciantes e vizinhança). Por isso, para evidenciar quem são esses “olhos da rua”, em determinados momentos da trajetória, os atores envolvidos darão voz aos pequenos comerciantes da Rua Maria José, hoje distante de um sotaque macarrônico e próxima da melódica fala nordestina.

Em meio a isso tudo, moradores e até um menino que faz mágica aparecerão para com sua presença corroborar com a ideia de que a rua ainda pode ser um lugar de convivência, um espaço familiar, onde encontramos nossas raízes e referências de mundo.

Logo, a experiência não trata a rua como passagem, mas sim como caminho por onde paira a memória dos arredores. O ato cênico em si pretende contribuir para desconstrução da máxima da rua como espaço de simples circulação da mercadoria, que contribui para a ode aos condomínios fechados, já que ali tudo pode ser resolvido em “casa”, longe do encontro com a diferença.